COSMOLOGIA GNÓSTICA: DEUSES NO CÉU E SEMENTES NA TERRA Uma das contemplações da natureza que mais deslumbram o ser humano é o céu, principalmente o noturno, com seus incontáveis satélites, planetas, estrelas, constelações e galáxias. Na máxima Hermética, onde o Macro e o Microcosmo se correspondem, para nós é muito mais fácil e natural vislumbrar o macrocosmos, o céu e as estrelas, do que o microcosmo (o Ser Humano), seja no seu aspecto espiritual e psicológico, seja na microscopia do infinitamente pequeno de nosso corpo. Olhar o Cosmo desperta em nós profundos sentimentos, como curiosidade, atração, mistério, amplidão, infinitude, divindade, paz, acolhimento, pertencimento… não à toa que todas as civilizações manifestam sua espiritualidade colocando no céu (em seus astros, seus deuses, seus anjos, seus céus) o ponto onde está Deus. É exatamente por isso que o termo grego Cosmos significa Ordem, Harmonia, Organização, Paz. Dessa fascinação pelos mistérios de Nuit (a deusa egípcia do céu – daí vem a palavra noite) nasceram os Panteões e Deuses das várias civilizações, como a egípcia, a chinesa, a grega, a maia, a brasileira (tupi-guarani) e até a mesopotâmica (caldaica), de onde proveio a astrologia ocidental. Aliás, cabe um parênteses aqui: os antigos utilizavam a astrologia de forma diferente da atual, vendo nos astros físicos a manifestação material de deuses (Marte, Vênus, Mercúrio) que inspiravam e influenciavam – “apadrinhavam” – a vida das pessoas; não viam esta arte-ciência-mística como mera matemática que localiza os astros e assim determina, por ângulos e irradiações energéticas, sua influência arquetipal nos seres humanos. Com a perda da mística e da espiritualidade, ao exacerbar a lógica e o pensamento, o ser humano perdeu o contato místico, espiritual e divino com o Cosmos. A Astroteurgia (trabalho divino com os astros) dos homens e mulheres-deuses foi trocada por uma astrologia matemático-psicológica dos “antropos” apartados da divindade. Mas voltemos a algo ainda mais amplo, a Cosmologia Divina. Na sabedoria gnóstica restaurada no século XX por Samael Aun Weor, quando tratamos da Cosmologia, revivemos a sabedoria suméria em que os sacerdotes e sacerdotisas “viam”, literal e clarividentemente, a deidade de cada astro ou constelação. Não enxergavam apenas o corpo físico que estava na abóbada celeste, mas viam a divindade que os animava – daí se originaram os nomes dos deuses, dos personagens mitológicos, das constelações. Da mesma forma, na Cosmologia Gnóstica vemos todo o universo como um grande útero sagrado (matéria, de Máter=Mãe) onde o Criador deposita suas sementes divinas (as mônadas ou chispas=pequenas chamas divinas) para que elas possam, como crianças no ventre da mãe, se desenvolverem, nascerem e tornarem-se independentes. A moderna astrofísica tateia as pistas dessa explicação, ao teorizar sobre o Big-Bang, a Matéria-Escura e a Energia Escura, mas ainda está muito longe do ponto que chegaram as antigas Religiões de Ouro, que viam as energias invisíveis na forma de Deuses. Lembramos ainda que a Cosmologia Gnóstica de Samael possui total convergência com as antigas e perenes tradições que, com seus mitos e histórias nos livros sagrados, explicam a criação e a sustentação do Universo, como a egípcia, a celta, a hebraica, a grega, a chinesa, a maia, a védica (hindu) e mais modernamente a teosofia de Helena Blavatsky. É impressionante ver o paralelismo exato entre o oceano sereno eterno (o Nun egípcio), a substância amorfa original (o Caos grego), “o espírito de Deus que pairava sobre as águas…” hebreu, o Panku chinês e o Purusha dos Vedas indianos, tudo emanado do Pleroma dos gnósticos em distintas esferas ou eons. Ao estudarmos a Cosmologia Gnóstica vemos nossa grandeza latente como filhos de Deus, com a possibilidade de chegarmos a ser como Ele. Há uma beleza e harmonia profundas em dizermos que fomos gerados e emanados “à imagem e semelhança de Deus” e que podemos retornar a Ele “como frutos da boa videira” – aqueles que multiplicaram suas riquezas divinas dadas em confiança. O grande desafio é compreender a profundidade dessas passagens bíblicas e fazê-las vivas dentro de nós. Por isso Samael Aun Weor, muito mais direto e assertivo, afirma que “somos filhos das estrelas … e a elas devemos retornar autorrealizados”, ressoando com Blavatsky ao ensinar, com base nos Escritos de Dzyan, que “não há estrela no céu que não foi ser humano um dia”. O fato é que, com base nesses antigos mitos, tradições e religiões muito anteriores ao cristianismo e ao judaismo, é saciante saber que somos sementes divinas tentando brotar. Como fohat divino (fagulhas de Deus), somos ciclicamente colocados em inúmeros canteiros (existências e planetas) para que aprendamos a viver de forma mais próxima ao Criador, religar-se a Ele, sempre no intuito de nos tornarmos iguais, unos a Ele. E o objetivo de todo pai e mãe é este: que seu filho cresça, se desenvolva, seja feliz e torne-se ainda mais realizado que seus pais. Deus, como Pai-Mãe, quer o mesmo para seus filhos: que se realizem, que sejam felizes, que estejam em paz, que sejam ainda mais que seus próprios Pais. E neste ponto surge a riqueza da Cosmologia Gnóstica, ao nos mostrar de forma lógica e ao mesmo tempo devocional, esta belíssima espiral evolutiva que vai de uma simples mônada entrante nos reinos elementais minerais, passando por existências vegetais (sim, nossa alma já animou corpos de plantas – quando então chamava-se de Elemental), depois animais e até chegar ao estágio humano – quando ganhamos o livre arbítrio como Almas Viventes. Por isso o estado humano é tão especial, pois nele ganhamos o Livre Arbítrio, a Capacidade de Amar e a possibilidade de nos tornarmos Auto-conscientes de nós mesmos e da própria Divindade. E são esses atributos, somente dados à mônada que atinge o estágio humano (alma), que nos dão os desafios e as provações para seguirmos adiante: quem bem usa essas dádivas, as compartilha e as multiplica, vai adiante, alcançando o estado angélico; quem as malgasta fica repetindo a lição, imerso na roda de nascimentos, mortes, karmas e darmas que os orientais chamam de “Roda de Samsara”; e que a Bíblia chama de “Vale …
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